Nós estamos bebendo plástico?
Águas engarrafadas são vendidas com a promessa de saúde e pureza, entretanto uma nova pesquisa publicada pela Orb Media, uma organização jornalística sem fins lucrativos, em parceria com a Universidade Estadual de Nova York (EUA), mostrou que uma única garrafa pode conter até milhares de micropartículas de plástico, partículas com menos de 5mm de diâmetro.
As pesquisas foram conduzidas com 250 garrafas de onze marcas líderes de mercado em nove países, incluindo o Brasil. Destas, apenas 17 estavam livres dos microplásticos o que nos dá um percentual de 93% de amostras contaminadas. Dentre as análises o exemplar com maior número de partículas chegou a apresentar 10.390 micropartículas. Tais números se mostram alarmantes quando se analisa que, a produção de água engarrafada atinge patamares de, aproximadamente, 300 bilhões de litros por ano. Movimentando valores de US$ 147 bilhões ao redor do mundo, sendo caracterizado como o segmento do setor de bebidas que tem crescido mais rapidamente com o passar dos anos.
O alerta vai além das águas engarrafadas, mas também vale para as águas de torneira. A Orb Media realizou uma ação global para a análise de águas vindas de torneiras em 8 países. No Brasil o grupo fez o trabalho em parceria com uma equipe do jornal Folha de São Paulo, e os resultados apresentados não são nada animadores. Do total de 10 amostras coletadas na capital paulista que foram enviadas para análise na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Minnesota (EUA), 9 continham fibras em sua composição. E embora no Brasil não seja comum o habito de beber água diretamente da torneira seus outros usos como a utilização na preparação de alimentos levariam à ingestão das fibras. Quando questionada sobre os resultados a Sabesp, empresa de saneamento que atua em São Paulo, diz não fazer análises para constatar a presença de microplásticos na água. Isso pois a companhia segue as exigências da portaria 2.914, baixada pelo Ministério da Saúde em 2011, que não faz menção às partículas em questão, realidade que se repete em diversas cidades brasileiras.
Os impactos dos microplásticos na saúde humana ainda não foram pesquisados, entretanto após a publicação da pesquisa a OMS (Organização Mundial da Saúde) anunciou que irá avaliar os riscos da ingestão, visto que esta é uma área emergente de preocupação do consumidor. Diversos pesquisadores da área têm alertado sobre o risco de materiais plásticos devido a sua afinidade com outros contaminantes como pesticidas e metais pesados e como consequência o seu acumulo dentro da cadeia alimentar. Dentre os testes feitos pela Orb Media observou-se que a maior quantidade de plásticos presentes era derivada de embalagens, fibras de lã sintética, tintas acrílicas dentre outros. Com isso a Geocapta da algumas dicas para diminuir o descarte indevido de plástico no ambiente:
Aposte em embalagens reutilizáveis: É recomendável que se use embalagens reutilizáveis como ecobags ao invés de sacos plásticos e garrafas de vidro ao invés das garrafas de plástico.
Cuidado com as tintas: Como dito anteriormente, tintas acrílicas são plástico líquido e ao lavar os pincéis estamos mandando esse material diretamente para o ambiente, então que tal apostar em um descarte diferenciado para a tinta ou em tintas não plásticas?
E com a lã sintética também: A cada lavagem dezenas de fibras de lã sintética são removidas. Recomenda-se então buscar filtros especiais para as máquinas de lavar ou lavá-las com menos frequência
Preste atenção nos esfoliantes: Os esfoliantes faciais são um dos maiores responsáveis pela liberação de microplásticos nos mares, entretanto já existem produtos feitos à base de materiais naturais, que inclusive podem ser reproduzidos de forma caseira.
Pegue uma carona: Ao utilizar mais o transporte público e pegar uma carona você contribui para a redução de microplásticos liberados por pneus.
Com essas medidas muitas vezes se economiza mais e se reduz o descarte indevido de plásticos. E quanto menos plástico houver no oceano, menos plástico acaba no seu organismo.
Ficou interessado? Leia mais sobre o assunto:
Matéria na integra da Orb Media (Material em inglês)
Matéria feita pelo jornal Folha de São Paulo em parceria com a Orb Media
Materia da BBC brasil sobre o assunto
Portaria Nº 2.914 do Ministério da Saúde